Em 8 de Agosto dois acontecimentos importantes se registaram em Badamalos (Sabugal). O primeiro, foi a celebração das Bodas de Ouro do Padre Agostinho Crespo Leal, da Diocese de Évora. O segundo evento, o Encontro Anual dos Padres daquela Diocese, naturais do Planalto do Ribacôa e Zona Raiana, com os da Diocese da Guarda, há muitos anos com data fixa, a segunda quarta-feira de Agosto.
Tendo como companheiro o Padre Manuel Joaquim Martins (Bismula), cedo parti de Aldeia de Joanes (Fundão), para aquelas e nossas paragens. Com o dinamismo do Padre Hélder Lopes, Pároco de Badamalos, iniciou-se a Eucaristia, na renovada, melhorada e acolhedora Igreja Matriz, à qual aconselho uma visita cultural para apreciação de tão rico património religioso. Além do homenageado, presidiu à Liturgia o Arcebispo de Évora, D. José Alves (Lajeosa da Raia), D. Manuel Felício, Bispo da Guarda, e Padre António Monteiro, futuro Bispo Auxiliar de Braga.
O Arcebispo de Évora é companheiro do Padre Agostinho de longa data, desde as viagens comuns para a Zona Raiana. Faz rápidas referências ao jubilado que fez um grande percurso, depois de passar por terras de missão em Beja. Apaixonado pela vocação missionária parte para Moçambique – Nampula - onde trabalha com D. Manuel Vieira Pinto. Uma doença obriga-a a regressar, fazendo o trajeto ao contrário de Santo António, passando por Itália e com regresso a Portugal, já recuperado. É um homem da Pastoral da Saúde e desempenha trabalho apostólico junto dos doentes do Hospital do Espírito Santo em Évora, com o coração aberto para todos com simplicidade, proximidade e humanidade. Em todas as suas atividades conta com o apoio incondicional da sua irmã Isabel Crespo Morgado. Preside em muitas Paróquias de Évora a reuniões da Pastoral Social e da Saúde.
O Padre Agostinho Leal salientou, nas palavras que dirigiu a uma ampla assistência, e após saudação e agradecimento, ao Padre Hélder Lopes, a disponibilidade e colaboração do Grupo de sacerdotes que se empenham nestes eventos, recordando que alguns comemoram este ano, cinquenta e vinte e cinco anos de sacerdócio.
“ Estou mesmo contente por celebrar cinquenta anos de sacerdote em Badamalos, onde nasci, aqui nesta Igreja, onde fui batizado, fiz comunhão solene, crisma e onde ouvi chamarem-me para a missão os Padres Claretianos. Esta Eucaristia é de ação de graças a Deus, por ser sacerdote de Jesus Cristo. Dar graças a Deus pelo amor que me deu. Senti esse amor nos momentos de doença, em momentos muito dolorosos. Estou vivo. Muitas pessoas me interpelam: “Porque Deus o castiga tanto?” Digo-lhes para não fararem assim, não tem sentido essa pergunta, perante a ternura e o amor de Deus. Há tanta gente que me consola. Não é isto o amor de Deus? Há mais de trinta anos a ser presença de Deus no meio dos doentes. Em todas as situações, principalmente nas de longa enfermidade, ouvi a voz compassiva de Deus: “Agostinho, não tenhas medo. Eu estou contigo.” Ação de graças pelo meu pai António Joaquim Leal Morgado, que me lia a Bíblia, a Vida de S. Francisco e S. João Bosco, modelos para sacerdotes. A minha mãe, Ana Amélia Crespo, sem saber ler uma palavra, também acompanhava os ensinamentos do meu pai. Pelos meus irmãos, pois prefiro perder tudo menos a sua amizade. Pelo Padre Ezequiel Augusto Marcos, lembrando as suas paróquias, onde se incluía Badamalos, que eram uma família; tanto lhe pedi para aqui estar presente, mas a saúde impediu-o. Estes foram os primeiros pilares. Segue-se o Seminário, segundo pilar, os professores, a quem manifesto a minha profunda gratidão com o terceiro pilar. O quarto pilar é de ação de graças a Deus pelo celibato, o ter renunciado a uma mulher e filhos, porque tive uma grande família missionária em Moçambique, assim como no Hospital de Évora, onde partilhei tantos afetos, sorrisos, apertos de mão, que me fizeram muito feliz, durante este cinquenta anos.” Uma palavra para o Coro sob a orientação do Padre Joaquim António Marques Morais (Mizarela – Sabugal).
O Padre Hélder Lopes a pedido do homenageado salientou as obras de restauro desta Igreja, que dada a sua perplexidade demoraram dois anos e meio, protegendo este património impar, bem visível nos “caixões “ de pintura no teto, no altar-mor.
No final distribuiu uma estampa alusiva a este significativo ato, donde retiro este Salmo: “hei-de cantar para sempre o amor do Senhor; hei-de anunciar a Sua fidelidade de geração em geração”.
De seguida partimos para as Margens do Rio Coa, para a segunda parte do programa, Encontro Anual dos Padres da Diocese de Évora, na propriedade de Morais Palos da Miuzela (Almeida). Registam-se os nomes de algumas presenças: a de D. José Alves, D. Manuel Felício, António Moiteiro. Recordámos os tempos de formação catequética e do cumprimento rigoroso dos horários. A presença de Abílio Lopes Antunes da Rebolosa, Moisés Janela Antunes da Rapoula do Côa, discípulo de D. Basílio do Nascimento, Bispo de Bacau – Timor-, que no referendo afirmou às autoridades indonésias: “ se me matarem morro com o meu Povo.” Diz-me que é um homem de grande portugalidade e defensor da língua portuguesa, pelo mandou os estudantes do Seminário da sua Diocese para Évora. A presença de Joaquim Chorão Lavajo e António Gata Lavajo Simões da Aldeia da Ponte, de António Nabais Fernandes, Júlio Luís Esteves e António Esteves Fernandes de Aldeia do Bispo, Manuel Sanches Manso da Lajeosa da Raia, de Manuel Lopes Botelho de Alfaiates, Fernando Marques do Baraçal, José Morais Palos da Miuzela, Joaquim Pinheiro de Évora, Cónego Manuel Alberto Pereira de Matos e tantos outros, fez-se sentir com bastante agrado.
Para o próximo ano foram nomeados novos “ mordomos” deste saudável e amistoso convívio entre sacerdotes e famílias das Dioceses de Évora e Guarda, que tem um valor comum, a identidade e alma raiana.